sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A ÚLTIMA DE 2010

Esta é a última postagem de 2010. 

Eu gostaria de escrever algo animado, cheio de emoção e esperança. Mas, estou seco. Logo, se eu tentasse escrever algo cheio de paz e amor, eu estaria mentindo.

E eu não minto mais. Na verdade, eu tento...

De qualquer forma, espero que o seu próximo ano seja melhor do que este que se encerra hoje. 

Desejo paz, amor, reconciliação, saúde e sucesso. Em todas as áreas da vida; em cada uma delas. 

E este desejo é sincero.

Para encerrar o ano, vou usar uma postagem de uma das minhas novas amigas, a Carla, do Rio Grande do Sul. Ela escreveu este texto em seu blog, a Cafeteria 24 horas, que pode ser acessado em http://cafeteria24horas.blogspot.com/.

Em busca do novo

Que em 2011 você consiga o novo. O diferente, o inusitado. Que todas as festas sejam divertidas, irreverentes, "e você nem estava bêbado"! Que os drinks venham com cereja e chantilly, coloridos e enebriantes. As cantadas tenham bom hálito e discurso bem elaborado, e sua amiga seja sua amiga, mesmo. Que você tenha amigos. Amigos que são seus amigos simplesmente porque são, uns que se atraem por ti, outros que você se atraia, outros que sejam simplesmente irmãos de fé,mas que nenhum se traia no final. Que não haja tédio em 2011.
Desejo livros sublinhados e planos para viagens. Se não conseguir sair da cidade durante a semana,pelo menos, vez que outra, tenha um final de semana inusitado. Que vá parar num motel, com champanhe e bombom, ou em casa mesmo, com sua própria companhia ou de alguma boa amiga comendo pipoca e gargalhando até a barriga doer. Ou de um amor, admirando seus traços.
Que a barriga doa de abdominais e de preguiça. Que doa depois de uma massa carbonara e um vinho chileno. Ou que o vinho seja comprado ali no posto de gasolina mesmo, com chocolate barato, não tem problema.
Que haja paixão. Paixão da boa, correspondida pois, como diz Vinicius de Moraes, "não há nada melhor pra saúde do que um amor correspondido". Que sua saúde melhore devido a uma boa paixão. Que não hajam culpas, nem medo, tampouco ansiedade em excesso, o que dá no mesmo.
Que o sol aqueça a pontinha do nariz e deixe o cabelo quente, enquanto você caminha tomando um pouco d'água e admirando peitorais em forma de tanquinho, ou labradores que se divertem com carros. Que seus amigos não o façam bocejar. Que sejam sinceros, espontâneos, divertidos, mas saibam ser fieis também. Que não sejam totalmente autocentrados e egoístas, e tenham uma agenda livre pra ficar à toa contigo.
Que sua família lhe dê liberdade e coragem, e que você se sinta útil nela. Desejo viagens. Desejo beijos desesperados, sedentos pelo prazer da boca alheia. Sonos reparadores e lágrimas de felicidade. Desejo conquista, superação e o maior sentimento de bondade que puder ter, pois é isso que salva o ser humano da sua própria animalidade: a parte latente e divina que ainda está pulsante nele.
Desejo, pra 2011, e pra todos os anos, magia. Daquela infinita, inesgotável, e mais extensa que as estrelas, e a nossa boa vontade em ser melhor a cada ano. 


Paz e Bem!

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

MALVADOS

OS IMPERDOÁVEIS

Bom, se você é leitor, ou leitora, deste blog, mesmo que ocasionalmente, já deve ter reparado que tenho alguns temas sobre os quais eu escrevo tradicionalmente.

E cinema, filmes, em geral, é um desses meus temas tradicionais. 

Não tenho a pretensão de escrever uma resenha ou um comentário penetrante sobre nenhum dos filmes - ou seriados - a respeito dos quais escrevo aqui. Se você estiver procurando por isso, prezado leitor, ou leitora, sugiro que acesse um site ou um blog especializado em filmes.

Bem, um dos meus hábitos quanto a filmes é este: eu os assisto várias vezes. Faço isso porque já percebi que um bom filme, assim como um bom livro ou uma boa HQ (mais duas das minhas paixões). podem dizer coisas diferentes cada vez que você os assiste (ou lê). 

Hoje, eu assisti novamente Os Imperdoáveis (The Unforgiven), de 1992. O filme chamou muita atenção à época de seu lançamento porque ele trazia de volta Clint Eastwood ao gênero que o consagrara no cinema.


Mas o espectador atento vai perceber que Os Imperdoáveis é um western diferente. Lá, os cowboys têm medo de morrer (e de matar), ficam doentes e acabam assassinados.


A história é simples, como em todo western: em uma noite de bebedeira, dois vaqueiros retalham o rosto de uma prostituta na cidade de Big Whiskey. As colegas da moça oferecem uma recompensa de mil dólares a quem matar os dois. 

A promessa da recompensa atrai vários assassinos à cidade, que é controlada pelo xerife local, Little Bill Dagget (Gene Hachman). Um grupo que vai à Big Whiskey atrás do dinheiro é formado por William Munny (Clint Eastwood) e Ned Logan (Morgan Freman), ex-pistoleiros aposentados. 

A partir daí, vemos a relutância dos dois em voltarem a matar, e a tentativa do xerife de conter a escalada de violência, mesmo que, para isso, ele use métodos violentos, como a tortura. 

Paz e Bem!

BLOGS, SITES & AFINS

Eu passeio pela internet com frequência. Ainda mais agora, nesses atuais dias de férias. 

Eu busco notícias inusitadas, comentários sobre filmes e livros, fotos estranhas e blogs, cuja leitura possa ser interessante.

Nos últimos dias, adicionei três novos blogs à minha modesta lista de links favoritos, que aparece aqui com o título Eles fazem a minha cabeça

E, como sei que propaganda é a alma do negócio, além de listá-los, também escrevo uma postagem a seu respeito. Quem sabe, novos leitores possam aparecer...

São eles: 

Cafeteria 24 Horas: escrito por uma garota do Rio Grande do Sul (RS)

http://cafeteria24horas.blogspot.com/

Contra o Brasil: escrito por Alberto Lins Caldas, um dos meus amigos virtuais do Orkut

http://contra0brasil.blogspot.com/

Things I Know (Coisas que eu sei, em inglês): escrito por uma garota de Minas Gerais (MG)

http://melacia.blogspot.com/

Recomendo a leitura!

Paz e Bem!

ADICÇÃO, ABSTINÊNCIA & SERENIDADE

A adicção, ou o vício em drogas, lícitas (como álcool e cigarro) e ilícitas (cocaína, crack ou maconha), é definida por grupos como o Narcóticos Anônimos (ou NA, como será referido neste texto daqui para a fente), como uma doença incurável, progressiva e fatal. 

Ainda de acordo com o NA, as vítimas da doença podem antever para si próprias três finais possíveis: morte, hospitalização ou prisão. 

Um membro do NA definia a droga como a doença do "ainda". Segundo ele, o viciado "ainda não roubou", "ainda não matou" ou "ainda não se prostituiu para sustentar o vício".

Mas, segundo ele, inevitavelmente, caso a doença progrida, um desses "aindas" acabará se tornando um "já". 

A proposta de NA é simples: aos novos membros que entram na irmandade, sempre a partir de um ato voluntário, é recomendada a completa e imediata abstinência do uso de drogas.

A abstinência, a interrupção do uso de qualquer substância que seja identificada com a adicção, é acompanhada pela recomendação de que o novo membro participe de 100 reuniões diárias, durante cem dias. 

A ideia contida nessa proposta é a de que apenas um adicto em recuperação pode ajudar outro adicto, e a participação em reuniões da irmandade levará à escolha de um padrinho, ou seja, de um membro mais antigo que possa ajudar o novo integrante em sua recuperação, através da jornada pelos 12 Passos de NA. 

Apesar de todo o programa, jamais conheci um viciado em drogas que não tenha recaído no uso, mesmo entre aqueles que já haviam passado por períodos de internação em clínicas de desintoxicação, e que sinceramente aderiam ao programa de todo o coração.

As drogas são insidiosas. O viciado pode ser tentado a usá-las em um momento de alegria, assim como em um momento de tristeza. Pode querer usar quando estiver em um grupo, ou quando estiver sendo devorado pela solidão. 

Mas, aparentemente, segundo os membros mais antigos de NA, recaídas são esperadas em todo o processo de recuperação. 

A grande questão, segundo me foi apontado, é: o que o viciado faz depois da recaída? Ele, ou ela, retorna ao programa, ou aceita a recaída e suas consequências, e decide continuar o uso?

Na minha opinião, a chave da recuperação está em jamais se esquecer do que aconteceu durante o período de uso. 

Porque o uso de drogas tem um preço, que é muito maior do que o dinheiro necessário para se comprar drogas. 

No final, muito mais coisas foram deixadas pelo caminho. E nem todas elas podem ser conseguidas de volta.

Um dos pilares de NA é a Oração da Serenidade, escrita pelo teólogo protestante Reinhold Niebuhr (1892-1971). Reproduzo seu texto na íntegra, logo abaixo: 

Deus, dai-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar, coragem para mudar as coisas que eu possa,  e sabedoria para que eu saiba a diferença: vivendo um dia a cada vez,   aproveitando um momento de cada vez; aceitando as dificuldades como um caminho para a paz; indagando, como fez Jesus, a este mundo pecador, não como eu teria feito; aceitando que Você tornaria tudo correto se eu me submetesse à sua vontade para que eu seja razoavelmente feliz nesta vida e extremamente feliz com você para sempre no futuro. Amém.

Na irmandade, toda reunião é marcada pela recitação em conjunto da primeira parte da oração: "Deus, dai-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar, coragem para mudar as coisas que eu possa,  e sabedoria para que eu saiba a diferença".

Esta oração, ao mesmo tempo em que convida a pessoa a retomar o controle de sua vida, também a lembra de que as coisas, qualquer processo de mudança real, é um algo permanente e não pode ser feito da noite para o dia.

Ou seja: "Faça! Mas vá com calma!".

Além disso, a oração está correta ao colocar em Deus a esperança de que qualquer mudança venha de fato a ocorrer.

E isso, a meu ver, deveria servir para qualquer pessoa.

Paz e Bem!

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

TEXTO DE CAIO FÁBIO

ODIANDO O MUNDO E AMANDO A TERRA!

Sigo Jesus pelas mesmas razões de Pedro: “Só tu tens as Palavras da vida eterna”!
Sigo Jesus pelas mesmas razões de Paulo: “Cristo em nós é a Esperança da Glória”! E também “porque se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”!
Sigo Jesus pelas mesmas razões de João: “Deus é amor”... e quem ama conhece a Deus e já tem a vida eterna presente em si mesmo...!
Sigo Jesus pelas mesmas razões que Jesus me disse para segui-Lo: “Aquele que me ama, esse tem os meus mandamentos e os guarda, e meu Pai o amará, e eu me manifestarei a ele”.
Não sigo a Jesus para reinar em vida [entenda-se “reino” por conquista], mas para servir em vida[para Jesus o “reinar em vida” é provar os “poderes do mundo vindouro” no tempo/espaço]; e isto apenas para servir os filhos e principes disfigurados do reino de Deus [ou dos céus] nesta dimensão...
Não sigo a Jesus para me mostar diferente dos homens, mas sim para entre os homens tornar-me um dos mais humanos...
Não sigo a Jesus para mudar o mundo, mas sim para odiar o mundo amando indivíduos...
Não sigo a Jesus para mudar a História, mas para ter a minha vida mudada na História do meu coração... — minha única chance de mudar a História!...
Não sigo a Jesus em razão do céu e nem do inferno, mas sim em razão dos Seu Fascínio Divino/Louco/Absoluto/Absorvente/Delirante/Lucido/Vitorioso/Supra-Mortal/Eterno... — em mim!
Não sigo a Jesus olhando para o Mundo!
Não! Sigo-o olhando a Eternidade, sem fuga e sem escapismos, porém, sem a ilusão de que minha Patria esteja em qualquer lugar que não seja o céu; e, além disso, vejo-me no Mundo como um transeunte apressado e feliz; não carregando comigo nada além do bordão, das sandalias, e do poder de levar paz, de curar, de expulsar demonios, de levantar mortos..., sim, enquanto os leprosos são purificados!
Entretanto, essa não esperança mundana..., nada rouba de mim!
Paulo sentia e confessava assim... No entanto, ninguém pisou mais o chão da realidade do que ele; sem evasões da existência!
Na realidade, até hoje, entre todos os que tentaram — apesar da “perversão” de Sua mensagem pela “igreja” — ninguém mexeu mais no mundo do que Jesus!
Ele mexeu no mundo justamente porque ficou de fora de suas engrenagens!...
A “Igreja”, todavia, não mudou o Mundo por não amar os humanos; antes amar os Poderes do seu Principe!...
Para poder ser sal da Terra, dos homens, da vida, da existencia — tem-se que, paradoxalmente, ser Luz do Mundo.
O Mundo é uma categoria em trevas e sem sabor! Jaz no Maligno!...
A Terra, porém, tem esperança...; pode gostar do gosto do amor... O Mundo, porém, não vive de esperança, mas apenas de poder e volupia.
A Terra espera e geme por Redenção!
O Mundo mata por Poder e Controle!
Por isto, a fim de ser Luz no Mundo, tenho que me diferenciar dele por completo...
Já para ser Sal da Terra [...] tenho que mergulhar no Planeta dos Homens e da criação...
Todavia, para que minha Luz brilhe no Mundo, tenho que me diferenciar dele, enquanto me indentifico com a Terra segundo Jesus!
A Terra é boa, tendo sido amaldiçoada por causa do Mundo!
O Mundo é o homem; a humanidade arrogante...
Terra é vida, é criação, é ambiente jardim...
O problema da Terra é o mundo!
Nunca desistirei da Terra e dos humanos que amam a vida; mas não tenho nenhuma energia para alimentar o Mundo!...
Com o Mundo estou em guerra...
Com a Terra estou trabalhando na culinaria da vida, com o Sal do Céu!
No Mundo minha existência é embate da Luz com as Trevas!
Na Terra é a missão de restaurar o sabor!
Mas para isso é preciso que haja Luz em mim, no meu olhar, no meu interpretar em amor. Minha guerra de Luz contra o mundo é praticada com as armas do Amor. Luz e Amor são a mesma coisa segundo João, na 1ª Epístola.
Já a minha relação com a Terra é de muita delicadeza, como a de uma cozinheira preparando um banquete; sobretudo temperando tudo com Sal-amor!
O Mundo tem que acabar para que surja o Novo Céu e a Nova Noiva Terra!
Eu, todavia, quero ser encontrado lutando por homens, pela verdade que une, pela justiça de Deus, pela criação, pelo Templo da Terra de Deus!
Assim, sou inimigo do Mundo por amor a Deus e aos homens que no mundo amam a vida; e sou amigo da Terra por amor a Quem a criou para a vida, incluindo a vida dos humanos!
O Mundo está perdido juntamente com seu Príncipe!
A Terra, porém, está Grávida Daquele que haverá de reger as nações com o cetro de Sua boca!
Quem ama a Terra ama os homens e toda criação!...
Quem ama o mundo ama os Poderes do Príncipe das Trevas!
Decida de uma vez por todas quais são os seus amores!
Mas lembre: “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele”.
Algo mais a inventar?...
Ora, chega!

Nele, que venceu o mundo,

Caio

PARA O NOVO ANO

Eu gostaria de escrever uma mensagem de fim de ano. 

Infelizmente, me faltam as palavras certas. Não sou a melhor pessoa para falar de esperança, a menos que sejam as frustradas.

E a chegada de um novo ano deve ser marcada pela esperança. Esperança do que pode ser ainda.

Como eu não tenho isso, fico calado.

Ao invés de tentar escrever algo, vou abrir espaço para uma mensagem escrita pelo pastor da minha comunidade, o Caminho da Graça. 

Seu nome é Carlos Bregantim.

Esta é uma mensagem destinada aos amigos de Carlos, e aos conhecidos. Mas acho que qualquer um pode tirar uma ou duas palavras de esperança. 

E, insisto mais uma vez,  esperança deve ser a mensagem de um novo ano.

Com meus melhores votos. 

Paz e Bem!

Apenas pra registrar meu sincero desejo de que tudo lhe vá bem em 2011.

Entendendo que, ir bem, não necessariamente é tudo dar certo, mas, estar tudo equacionado. Bem administrado. Cada “coisa”no seu devido lugar.

Que você tenha tudo na medida.

Que não haja excessos, a não ser no amor, no amar, no se deixar amar.

Que os ciclos sejam respeitados e vividos intensamente.

Que você tenha amigos por perto.

Que você seja amigo pra alguns.

Que o Eterno se deixe perceber a você.

Que você O perceba em alguns momentos de modo que você diga:
Foi o Senhor. Só pode ser o Senhor.

Que você tenha um grupo que você chame de sua comunidade.

Que os deste grupo saibam de você e te chamem de irmão(ã)

Que você tenha um trabalho onde você não apenas busque recursos, mas, sinta-se útil e realizado(a).

Que você tenha tempo pra descansar e descanse.

Que você abrace uma causa que te de significado existencial, afinal, a vida tem a ver com o que imprime significado à existência.

Que antes de querer mudar os outros e o mundo, que você tente mudar em relação a alguns e em relação ao universo.

Que você tente mudar a si mesmo pra valer, claro, se entender que isto é necessário e bom pra você.

Que você de o tempo necessário pra que algumas mudanças se concretizem.

Que você adote algumas disciplinas espirituais e as pratique, tipo: Orar, meditar, contemplar, silenciar...

Que você leia mais, claro, se você é dos que não le muito.

Que você aprenda a cantar algumas canções.

Que você escreva mais sobre você mesmo e sobre a vida.

Que você, se gostar, quiser e puder, aprenda a dançar.

Que você adote a pratica de alguns exercícios físicos.

Que você vá mais ao cinema, teatro, circo, e eventos culturais que acontecem bem perto de você.

Que você visite alguns familiares com mais freqüência e se abra pra receber alguns em sua casa.

Que você desenvolva a hospitalidade, pois, alguns que tem esta pratica, de quando em quando hospedam anjos.

Que você não se envolva em questões tidas como “loucas”, especialmente as religiosas.

Que você mude seus hábitos alimentares, se entende que isto é necessário para teu bem.

Que você definitivamente preocupe-se com o meio ambiente, sustentabilidade, eco sistema,  e todas as implicações  domésticas, isto é, cuidar do seu próprio espaço com responsabilidade social e ecológica.

Enfim, que você viva muito melhor em 2011 e que isto contribua pra que outros também vivam melhor.

É isso. É o que desejo e pelo que oro hoje por você, sim Pai, abençoa, cuida, guarda, revigora este filho(a) no caminho para 2011 e para a vida.

Você pode incluir tantos quantos itens você desejar nesta lista, claro, itens que sejam para o teu bem e o bem de muitos.

Voce pode também desprezar tudo que escrevi e escrever sua própria lista.

Carlos Bregantim

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

OVNIs, ETs E CONGÊNERES...

Não posso dizer que sou um grande fã de histórias sobre alienígenas... 

Quer dizer, li um monte de histórias sobre possíveis encontros entre humanos e extra-terrestres (ETs), assisti a uma centena de filmes sobre o tema, mais ou menos, e, de vez em quando, leio a revista UFO Brasil, mas não dá para dizer que o tema conquistou o meu coração.


Mas adoro ler as teorias conspiratórias dos caras que discutem o assunto.

Uma das melhores delas afirma que os ETs estão na Terra há um bocado de tempo, evidentemente disfarçados de seres humanos, e vêm influenciando os acontecimentos mundiais há um longo tempo. 

Outra teoria, não menos interessante, afirma que os seres humanos são fruto de uma experiência biológica alienígena, que estavam brincando de deuses milênios atrás. 



Outra história diz que os ETs estiveram na terra e travaram contato com algumas de nossas civilizações antigas, sendo que cada um tem uma opinião a respeito.

Alguns acham que os sumérios sabiam dos ETs; outros, os egípcios. Mais recentemente, alguma das extintas civilizações meso-americanas, como os maias, incas ou aztecas. 

Como todos esses povos foram para o beléleu e, com exceção dos egípcios, nunca deixaram um documento escrito para a posteridade, nunca saberemos a verdade.

Mas a verdade está lá fora, certo?

E eu? Bom, eu acredito em tudo, até que me provem que é história pra boi dormir...

Mas a possível existência de vida em outros planetas não me tira o sono.

Paz e Bem!

V: PARTE II

Acabo de terminar a primeira temporada da série de TV norte-americana V. E os caras que escreveram a série - normalmente um grupo gigante de roteiristas - conseguiu manter o suspense. 

Ou seja, vou assistir a segunda temporada...

Bom, a primeira temporada termina com a chegada à Terra de uma provável frota invasora de alienígenas. 

Sim, os anos de jornalismo, ainda não completamente esquecidos, tornaram-me viciado em palavras como "provável", "suspeito de " e congêneres...

Ou seja, eu me recuso a fazer afirmações taxativas sobre algo que ainda não sei. Eu trabalho com certezas...

Ao longo da temporada, nós, os espectadores da série V, fomos apresentados à Quinta Coluna, uma organização formada por alienígenas e por humanos, que querem, a todo custo, impedir os planos dos Visitantes, controlados pela maquiavélica Anna (interpretada pela brasileira Morena Baccarin). 

 Anna, a malvada (interpretada pela brasileira Morena Baccarin)

E o mais interessante: um dos lagartos e uma humana têm um filho. O monstrinho ainda não foi mostrado nesta temporada...
Um blog especializado no tema, o Visitors Brasil, informa que a segunda temporada de V começa a ser exibida nos EUA em quatro de janeiro próximo.

Como eu apenas assisto séries em DVD - não tenho paciência para acompanhá-las na TV - vai levar um bom tempo para eu saber o que vai acontecer. 

Mas aprendi a ser paciente...

Paz e Bem!

GENTILEZA

Assim como você, prezado leitor, ou leitora, eu tento aprender com os outros, com as pessoas que passam pela minha vida. 



Uma pessoa muito especial, que infelizmente não está mais por aqui, na minha vida, mas por aí, na vida de outras pessoas, uma vez me contou sobre o Profeta Gentileza, ou José Datrino.


Eu não conheço muito sobre sua história, mas hoje, nessa noite de clara insônia, acabei procurando imagens a seu respeito.


E essas imagens, e as mensagens contidas nelas, são a verdadeira razão dessa postagem insone!

Paz e Bem!

VISITANTES

Passei boa parte dessa noite assistindo os episódios da primeira temporada da série de TV norte-americana V (de Visitantes, ou Visitors, em inglês), sobre uma raça de alienígenas que chega à Terra e inicia um processo de aproximação com a raça humana, oferecendo sua tecnologia como "presente" ao povo do planeta. 

 "Nós somos de paz. Sempre"

Obviamente, os alienígenas cruzaram o espaço motivados por muito mais do que simplesmente a generosidade... 

A chegada dos ETs, que são répteis que se passam por seres humanos, cria uma resistência humana, e esse é o tema da série.


V é um remake de uma série de TV famosa nos anos 1980, que passou por aqui com o título V: A Batalha Final. Em sua primeira versão, os lagartos queriam usar a raça humana como alimento.

Um detalhe interessante: a maquiavélica líder dos lagartos, Anna, é interpretada por uma brasileira: a atriz Morena Baccarin. 

Paz e Bem!

domingo, 26 de dezembro de 2010

DO UOL NOTÍCIAS

Haitianos "celebram" o Natal em meio a lembranças do terremoto de janeiro


A Igreja de Saint Pierre, em Pettion Vile, estava cheia, mas não lotada. Depois que o terremoto de 12 de janeiro destruiu mais de 20 templos da Igreja Católica na região metropolitana de Porto Príncipe, incluindo a imponente Catedral Sacre Ceur, imaginava-se que a missa de Natal fosse lotar a igreja de Saint Pierre. Mesmo com lugares sobrando, Yvone Charlie, 47, estava do lado de fora. Não tinha ido rezar, mas pedir esmola. Sentou-se nas escadarias da igreja com os três netos, enrolou-os em uma manta e começou a pedir. Ao lado dela, dezenas de mendigos fizeram o mesmo na noite de natal haitiana.
Yvone diz que é a primeira vez que se punha a pedir esmolas. Sua filha, mãe das crianças, conseguia sustentar bem a família comprando e vendendo mercadorias importadas de Miami, atividade muito comum no Haiti, país a pouco mais de uma hora de vôo da Flórida. Mas o terremoto acabou com tudo. Matou a filha e destruiu a casa. Tirou a família da pobreza e a levou para a miséria.
Agora, Yvone tenta cuidar dos netos em um campo de desabrigados na região de Cabaret, nas cercanias de Porto Príncipe. “Nunca pensei que um dia eu iria passar o Natal desse jeito. Não comi nada na ceia de Natal. Não tinha o que comer”, disse Yvone com Marie Michele Charlie, 2, no colo, adormecida.
Pelas ruas de Pettion Vile, pequenos lumes de velas e candeeiros formam um pisca-pisca ao longo da Rue de Frére. São mulheres que encaram o frio da região montanhosa ao lado das mercadorias que venderão no dia seguinte na verdadeira feira em que se transformou a cidade. Não estão ali para começar a trabalhar cedo. Estão ali porque não têm para onde ir. Centenas passaram o Natal assim.
Não muito longe, um grupo de haitianos deixa o tempo passar jogando dominó. Uma luz fraca e amarela ilumina a pequena mesa em que Joseph Olesse, 47, tenta esquecer que aquele é seu primeiro Natal sob uma barraca. Ele foi um dos mais de um milhão e meio de haitianos, divididos em 1,3 mil campos em todo o país tenham passado no natal embaixo de lonas.
A ceia de Natal de Olesse e sua família foi modesta. Desempregado como 80% da população haitiana, não conseguiu dinheiro para dar à família uma noite melhor. Uniu-se a outros desabrigados e conseguiu um pouco de arroz, frango frito e banana verde frita. Mas tudo junto ainda era pouco. Só na família de Olesse são 10 integrantes. Enquanto conversava com a reportagem, ele segurava um maço de folhas verdes de uma planta que não sabia dizer o nome. “Me disseram que é bom para comer e que passa a fome. Vou tentar”, disse.
Enquanto Olesse comia suas folhas e Yvone pedia suas esmolas, o cerimônia de Natal na Igreja de Saint Pierre era carregada de emoção. A maior parte do culto foi realizado às escuras. Não que não houvesse energia, mas por tradição. O fato é que a pouca luz na igreja deu um ar mais intimista à cerimônia.
Os mais abastados, percebidos pela roupa e por um certo ar blasé, sentavam-se mais a frente. Os mais pobres, como que se escondiam nos bancos laterais e no fundo da igreja. “Esse culto tem uma importância muito grande para nós. É nele que vamos renovar nossas esperanças espirituais porque essa é a mensagem do Natal. Nosso país foi afetado por uma catástrofe terrível, mas vamos superá-la”, afirma o padre Michael, um dos auxiliares do clero haitiano.
 
Papai Noel existe?

Sozinhos, à espera dos primos maiores, os primos Jovan e Ralph, 12, estão de pé em uma esquina em frente à praça Boyer. Sozinhos, observam o movimento dos utilitários japoneses das Nações Unidas que circulam com funcionários em busca de diversão na noite caribenha.
O Natal em Porto Príncipe, é, antes de qualquer coisa, uma data em que eles saiam às ruas para comemorar. Uma prévia do Ano Novo. Na noite de Natal, todas as boates de Pettion Vile estavam funcionando a pleno vapor.
Jovan e Ralph moram em campos de desabrigados separados, mas haviam passado o Natal juntos. Dizem que não ganharam nenhum presente, mas que ainda acreditam em Papai Noel. Pergunto então, se eles haviam deixado de ganhar presente do “Papai Noel” alguma outra vez. Jovan, se cala. Ralph responde. Diz que sim. Outras três vezes. “Então por que ele ainda acreditava em Papai Noel?”, perguntei. “Porque ele existe. Acho que os brinquedos dele acabaram antes de chegar na minha vez. Só isso”, explica.
 
Celebrar o quê?

Sentada em uma cadeira de balanço, Edwidge Moise,62, celebrou a vida desafiando a morte. Ela mora em uma pequena casa de alvenaria no Centro de Porto Príncipe. Em sua rua, dezenas de casas foram destruídas, mas a dela permaneceu de pé, mas não sem avarias. Os técnicos do governo haitiano colocaram-lhe uma marca vermelha no muro.
A cor indica que a casa está “condenada” e não pode ser habitada. Mas para onde uma desempregada como ela poderia ir se até os filhos moram com ela? Depois de viver durante três meses em uma barraca, decidiu encarar os riscos e voltou para a casa. “Esses rapazes não entendem nada. Minha casa não tem teto de concreto. Não tem peso e por isso não vai cair”, disse parecendo ignorar que as paredes laterais de sua casa também estão comprometidas.
Pela primeira vez em mais de 30 anos, Edwidge não poderá ir à missa da Catedral da Sacre Ceur. “Todas as igrejas aqui do Centro foram destruídas. Montaram um barracão aqui perto, mas tenho medo dos bandidos, que desde o terremoto, aumentaram muito”, lamentou.
“Meu povo não tem muito o que comemorar neste Natal. Foi terremoto, furacão, cólera e agora essa confusão na política. Como ficar feliz assim?”, diz a senhora que sobrevive com o pouco que consegue vender das mercadorias que uma parente lhe manda dos Estados Unidos (há quase 4 milhões de haitianos no exterior). Embalando-se em sua cadeira, ela supera a tristeza e agradece. “Apesar de tudo o que aconteceu ao meu país, eu tenho que agradecer. Minha casa ainda está de pé, e eu ainda estou viva. Não sei até quando”, disse esboçando um sorriso.

FINALMENTE, UM BALANÇO

Sinto essa vontade imensa de fechar o ano com algum tipo de texto que ofereça para mim mesmo  uma espécie de balanço de 2010. 

Pois escrevo este blog para mim mesmo, aos poucos me livrando de qualquer imagem de um leitor, ou leitora, para quem essas palavras possam estar sendo escritas.

É bem verdade que nem sempre consigo fazer isso, mas estou tentando.


Em junho de 2009, mais ou menos, levei uma trombada da vida. Após uma crise pessoal, resolvi rever algumas das minhas ideias e, com isso, decidi abandonar alguns hábitos. 

E não, não vou dar detalhes. Quem me conhece, sabe muito bem do que estou falando. 

O processo de mudança foi difícil - na verdade, ainda é difícil - mas estou indo razoavelmente bem, graças a Deus.

No final de 2009, resolvi voltar a estudar. E comecei um curso de mestrado no início deste ano. 

Ao mesmo tempo, ou seja, no início de 2010, resolvi trabalhar de verdade, na função que exerço há alguns anos: professor de inglês para alunos que não gostam, mas precisam aprender o idioma.

Estou fechando este ano com um trabalho fixo em uma escola e com um bom número de alunos particulares, principalmente em empresas. 

Em fevereiro, sofri um acidente de carro razoavelmente grave, que me custou o carro e algumas semanas sem poder me mexer muito, devido aos ferimentos e escoriações. 

Infelizmente, o ônibus me acertou do lado errado...

Abraçei a ideia de escrever este blog, e tenho feito postagens com muita frequência. Também voltei a participar de alguns outros sites, como colaborador.

E, como isso não é feito de forma profissional, tenho o prazer de escrever sobre o que me der vontade. 

Investi nos meus amigos, que haviam se afastado - alguns mais, outros menos - anos atrás. Investi também em novas amizades e estou fazendo o melhor possível. 

Em 16 de maio passado, adotei um cachorrinho, o Bóris, um shitsu de 11 anos de idade. Estamos nos dando muito bem. Nunca vi um cão tão carinhoso, tão amoroso.

E, se eu quisesse fazer um balanço realmente honesto, este seria o momento em que eu desfiaria o rosário sobre os meus fracassos acumulados em 2010.

Já que nem tudo são flores... 

Infelizmente, estou com muito pouca vontade de ser totalmente honesto. Pelo menos, no que escrevo aqui, neste balanço. 

Sim, houveram fracassos este ano, e eles se concentram principalmente na área que os especialistas denominam de relacionamentos interpessoais.

Minha relação com minha família - com meu pai, principalmente - é lamentável. 

Tentei mudar isso há algum tempo, mas falhei miseravelmente. Hoje, dou pouca atenção ao caso, e só o menciono aqui - desse jeito, de relance - porque estou fazendo uma postagem de balanço. 

Desisti já faz algum tempo. 

Infelizmente, aprendi que qualquer mudança na qualidade de nossos relacionamentos depende de dois fatores: primeiro, precisamos querer mudá-los. E, segundo, precisamos de uma abertura por parte da pessoa com quem queremos melhorar as relações. 

E eu não posso fazer a cabeça de ninguém. 

Desta forma, já que não quero mais ser um poço de ansiedades e neuroses - quando essas ansiedades não são resolvidas a contento -  eu me satisfaço em fazer o meu melhor possível. 

E fazer o meu melhor - quando posso diser isso honestamente, é claro - deve ser o suficiente, pelo menos, para mim. 

Este é o meu balanço, ainda que incompleto. Relendo o texto antes de publicá-lo no blog, percebo que, como sempre, usei subterfúgios, elipses e máscaras. 
 
Mas este texto é para mim. E eu sei do que estou falando.

Agora, para encerrar, me dirijo a você, leitor ou leitora, eventual ou cotidiano, deste blog: espero sinceramente que o seu balanço de 2010 possa ser melhor do que o meu. 

Seja você quem for, torço para que o seu 2011 possa ser melhor do que todos os anos que você já viveu.

Paz e Bem!
SEM FÉ NO CAMINHO, QUEM CAMINHARÁ?

Caio Fábio

Todos nós sabemos apreciar coisas como humildade, mansidão, lágrima amiga, busca de relações justas, intrepidez na perseguição da paz e da reconciliação, e coragem de consciência para suportar o antagonismo, sem ódio, porém com determinação e com o espírito contente por estar andando no mesmo caminho dos profetas que viveram antes de nós.

Bem, isto se a pessoa que encarne esses conteúdos não estiver entre nós e os nossos interesses. Isto porque, do contrário, à semelhança do que nossos pais fizeram, nós também os alijamos de toda possível presença e influência.

Tais pessoas são boas quando é bom pra gente, e ruins quando achamos que é contra a gente. Daí o profeta nunca ter honra em sua própria terra, pois a des-instalação que ele causa é de natureza profunda e visceral demais.

No entanto, quando sentei aqui para escrever, o que me moveu foi o fato de estar pensando como a gente é capaz de gostar da virtude, desde que ela ande bem longe de nós. Aliás, a gente elege certas pessoas como santas e virtuosas a fim de que elas cumpram esse papel pela raça humana, e bem longe de nós. Por isto os seres admirados sempre serem de terras distantes ou épocas remotas. E, assim, nos condenamos naquilo que aprovamos, pois chamamos a esses tais de virtuosos, mas não lhes imitamos o caminhar.

De fato, quem tem alguma coisa contra uma pessoa ser sempre ensinável e sempre pronta a crescer? Bem, dos humildes é o reino dos céus.

Quem se insurge contra a idéia de que seja bom que alguém seja capaz de se conter, e que exerça domínio sobre si mesmo? Ora, os mansos herdarão a terra.

Quem terá alguma coisa contra a pessoa que é capaz de expressar sentimentos e de chorar com solidariedade e com senso de propriedade e de intensidade? O que se garante é que o que choram serão consolados.

Quem desgosta da existência de pessoas boas e justas, e que não conseguem ter nenhuma satisfação pessoal em qualquer ganho que empobreça os outros? Os que têm fome e sede de justiça serão fartos.

Quem se entristece pela existência de gente que olha a vida com olhar limpo e puro, e que não carregue julgamento no coração contra o seu próximo? Ora, está dito que os limpos de coração verão cada vez mais a face de Deus.

Quem se sente mal com o fato de haver pessoas que sempre se empenham pela paz? Ou não está dito que os pacificadores serão chamados filhos de Deus?

Quem se ressente da existência de pessoas que não transigem contra suas consciências em nada do que diga respeito à essência da vida, ainda que o preço seja a perseguição? Acerca desses se diz que devem alegrar-se, especialmente se a resistência tiver sido pela consciência do Evangelho, pois este é o galardão do profeta.

Ora, se é assim, então por que não buscamos viver assim?

Só há uma resposta: É porque não cremos!

De fato, a cada dia mais eu acredito que o caminho da Graça nos leva a andar nessa trilha pela fé, e que à medida em que se caminha, tudo vai se tornando felicidade espiritual. Sim, tudo vira bem-aventurança.

Porém, sem fé no caminho, ninguém dá nenhum passo.

Chegamos naquele ponto da caminhada na qual toda confissão se faz acompanhar Daquela Voz que diz: “Vai, tu, e procede de igual modo”.

Jesus disse que este o modo de ser e ver no Caminho. Quem crê que almeje em fé esse existir. Esta é a vereda da Graça, e que é vivida em verdade somente deste modo.

O fruto da Graça é felicidade, é bem-aventurança no ser. Felicidade espiritual é a promessa do Caminho ao caminhante. A verdade não tem uma cara, mas tem um modo de ser existencial. E o fruto que recebe a bem-aventurança, é esse modo de ser da verdade.

Pense nisto!

Texto retirado de http://www.caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=02708

sábado, 25 de dezembro de 2010

UM BOM NATAL, AFINAL

Passei o Natal na casa de um amigo meu, o Alexandre, na Saúde, aqui em São Paulo.

Alexandre, ou Espuma, para alguns mais íntimos, é um dos meus amigos mais antigos - uma década agora em fevereiro próximo! - e, felizmente, um dos melhores.

Assim como eu, Espuma é um dos orgulhosos sobreviventes da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, a famigerada ESP.

Em uma noite de bebedeira na Rua Auguista e arredores, ele, tomado por um sentimentalismo a que muito aprecio, me convidou para passar o Natal em sua casa.

E eu, bêbado e sentimental, aceitei.

Ainda assim, e, como sempre acontece comigo, relutei muito antes de ir, mas acabei indo. E foi bom, como quase sempre acontece quando revejo os amigos. 

Agradeço por sua amizade, e pela recepção que recebi de sua família.

Paz e Bem!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

MUITO ESTRANHO

Por esses dias, conversando com uma amiga, ela me disse que me acha "muito estranho". 

"Você passa a impressão de estar de mal com o mundo, com a vida. Tenta se isolar de todos", ela disse, depois de eu pedir uma explicação sobre o que significava o seu "muito estranho". 

Afinal, existem tantas concepções do que é estranho quanto existem pessoas nesse mundo miserável... 

Decidi passar o Natal e o Ano Novo em Sao Paulo, contrariando cada instinto do meu corpo. Cada uma das minhas pulsações da alma. 

Hoje, véspera de Natal, aceitei o convite de um amigo querido a passar a noite em sua casa, em companhia de sua família e amigos.

Quanto ao Ano Novo, algo deve aparecer. Ou talvez não.

Honestamente, pouco importa. É um dia como qualquer outro, para aqueles de nós que se sentem vazios.

Ainda assim, Paz e Bem!

ENCERRAMENTO

O ano de 2010 está terminando, independente do que eu possa pensar a respeito. 

Neste momento, quase no encerramento do show e no farfalhar das cortinas que se fecham, existe a tentação de fazer um balanço do ano, das coisas que aconteceram, do que não aconteceu.

E, talvez, do que poderia ter acontecido. 

Mas o que poderia ter acontecido, como sempre, flutua em um mar de esperanças não-realizadas e de silêncios. E, hoje, prefiro não pensar nisso. 

Outra tentação é não pensar em mim, não escrever sobre mim ao tentar fazer um balanço. Afinal, sempre é imensamente mais fácil falar dos outros. 

E, neste caso, um fato marcante de 2010 é a eleição da primeira presidenta da História do Brasil, Dilma Roussef, do Partido dos Trabalhadores (PT). 

E, como eu ainda chuto cachorro morto, a derrota do Senhor José "Bolinha de Papel" Serra, do tucanato paulista. 

Espero que a presidenta consiga fazer um bom trabalho. Veremos. Inevitavelmente.

Comecei a escrever esse texto com uma certa melancolia, rapidamente esquecida depois que comecei a falar de política, uma das minhas antigas paixões.

Troquei o alvo, o objetivo, deixei de falar de mim, para falar de outros.

Fugi da raia.

É mais fácil assim.

Ainda assim, que venha 2011. 

E que o seu ano seja infinitamente melhor do que todos os outros que já passaram. 

Paz e Bem!

HQs: HELLRAISER

A editora norte-americana Boom Studios prometeu o relançamento, a partir de 2011, de uma revista em quadrinhos baseada na série de horror Hellraiser, do escritor inglês Clive Barker.


Para os leitores que não são tão velhos como eu, o nome pode significar pouco, mas Hellraiser, lançado no início dos 1990, foi um filme de terror que revolucionou o gênero à época. 

Em resumo, o filme, que se transformou em uma série de filmes, um mais lamentável que o outro, mostrava um grupo de demônios, que um dia haviam sido humanos, os Cenobitas, e suas relações com a humanidade ao longo da História.


A nova série de quadrinhos será escrita pelo próprio Barker, criador dos conceitos originais.

Uma nota de justiça: as informações e imagens nesta postagem foram retiradas do sempre bem-informado website Universo HQ.

O endereço do UHQ é http://www.universohq.com.br

Paz e Bem!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

AYUAHASCA

Após a morte de Glauco, especialista analisa o futuro do daime

Na madrugada do dia 12 de março, o cartunista Glauco Vilas Boas, 53, e seu filho Raoni, 25, foram mortos em Osasco pelo estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24.

A morte de Glauco, líder da igreja daimista Céu de Maria, causou comoção nacional e atraiu a atenção da opinião pública para a prática religiosa.

Na ocasião, a antropóloga Beatriz Labate, pesquisadora associada do instituto de psicologia médica da Universidade de Heidelberg e do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (Neip), esclareceu o uso da ayahuasca em rituais religiosos.

Há pouco tempo, ignorando o direito constitucional à liberdade de crença religiosa, o deputado federal Paes de Lira do PTC (Partido Trabalhista Cristão), de São Paulo, tentou suspender e a resolução n.º 1 do Conad (Conselho Nacional de Politicas sobre Drogas), de janeiro de 2010, o mais importante regulador do uso da ayahuasca no Brasil.

O congressista, que assumiu o mandato no lugar de Clodovil e defende a criação de uma lei que impossibilite o casamento entre homossexuais, referiu-se ao assassinato de Glauco como a "matança de Osasco". Nesse clima de caça às bruxas, a Livraria da Folha entrou em contato com a especialista. Em nova entrevista, Labate avaliou o andamento do caso e o futuro do Santo Daime no Brasil.
 
Livraria - Como você vê o projeto do deputado Paes de Lira? Isso pode prejudicar as atividades religiosas no Brasil?
 
Beatriz Labate - O deputado representa um tipo de pensamento que sempre esteve presente no debate público sobre a ayahuasca, mas que foi, digamos assim, a vertente que perdeu até agora. Este tipo de visão se funda num duplo entendimento: por um lado, as "drogas" são más, e devem ser duramente banidas; por outro, o caráter religioso destes grupos não é autêntico, são simples fachadas para o consumo de drogas. Este tipo de discurso geralmente é um mish mash de bibliografia biomédica ultrapassada e descontextualizada com discurso de fundo puritano, somado a uma certa inspiração exaltada de combate militar e messiânico do Mal, "em nome da vida" e da "restauração da ordem pública". Este tipo de visão sobre as drogas é recorrente, para não dizer predominante. Mas no caso da ayahuasca, felizmente ela foi superada, pois apesar do consumo de "drogas" ser sempre um tema tabu, tais práticas estão fortemente enraizadas em tradições populares oriundas do norte do país, e se espalharam pelo Brasil, conquistando legitimidade. O deputado, com expressão política limitada, aproveitou a morte do Glauco para tentar ressuscitar o chavão "ayahuasca" = "drogas" = "morte". Durante as recentes audiências que ocorreram em Brasília e que podem ser vistas na íntegra na internet, ficou claro que ele não tinha muita noção dos 25 anos de debates que ocorrem no país em torno do assunto. Creio que provavelmente ele acabará desistindo da ideia.

Jagube ou mariri (_Banisteriopsis caapi_), cipo usado há milênios pelos nativos da Amazônia
Jagube ou mariri (Banisteriopsis caapi), cipo usado há milênios pelos nativos da Amazônia
 
Livraria - Qual a sua opinião sobre o andamento do caso do Glauco?
 
Beatriz Labate - Me parecem levianas acusações de que a ingestão da bebida seria responsável pelo crime. Até o momento, poder-se-ia, no máximo, sugerir que um quadro de fortes problemas psiquiátricos (caso de esquizofrenia na família, família desestruturada e uso abusivo de drogas) eventualmente teria sido agravado pelo consumo da ayahuasca. Mesmo assim, trata-se de especulação, uma vez que não conhece ao certo os detalhes.
 
Livraria - Como você avalia a cobertura da mídia?
 
Beatriz Labate - A mídia cita declarações de psiquiatras sobre os potenciais efeitos adversos da ayahuasca, mas esses falam do ponto de vista genérico. Eles não acompanharam, de fato, o caso e não podem avaliar as condições psíquicas do assassino. Não é um fato novo que o uso dos assim chamados "alucinógenos" pode ser problemático em certos contextos. Apesar disto, no caso da ayahuasca, a realidade empírica tem mostrado muito mais sucessos do que não-sucessos.
Livraria - Como você vê o futuro das religiões ayahuasqueiras a partir do episódio?
Beatriz Labate - Passada a tempestade, a tendência é que os grupos se reúnam e façam sua própria análise. Creio que haverá um enrijecimento nos mecanismos de seleção e acompanhamento dos participantes. Como sabemos, estas religiões possuem um forte conhecimento acumulado sobre a ayahuasca, que é sempre consumida dentro de um contexto cultural específico. O episódio contribuirá para o desenvolvimento desta cultura e seus mecanismos de controle social; certamente já está gerando reflexões e autocríticas no campo.
Acho importante estimular a realização de mais pesquisas científicas sobre os benefícios e potenciais efeitos problemáticos, instrumentalizar e fortalecer as comunidades com esses saberes, e conhecer melhor o funcionamento desses grupos. Esse acompanhamento deve ser produto sempre de um diálogo entre os conhecimentos científicos e nativos. Impor parâmetros exclusivamente cientíticos significaria um processo de racionalização, medicalização e burocratização que representa a morte dessas religiões.
Por vias tortas, é possível que surjam mais verbas para pesquisar este importante fenômeno, gerando um florescimento deste campo de estudos. Precisamos lembrar que os estudiosos do assunto também são constantemente ridicularizados. Um dos professores da minha faculdade, por exemplo, perguntou se nós iríamos "servir o chazinho" na defesa de minha tese.
É possível que o governo retome as atividades do grupo multidisciplinar sobre a ayahuasca, e haja debates sobre estabelecimento de formas de fiscalização dos parâmetros adequados de uso. Talvez o projeto original de elaboração de um conselho de entidades ayahuasqueiras adquira novo fôlego. Tudo isto é saudável, e faz parte de um processo contínuo de regulamentação destas religiões nos últimos 25 anos. Assim, de forma paradoxal, a morte do Glauco representa outro tijolinho na edificação destas práticas culturais em nosso país. Esperamos que este debate possa se dar em alto nível, respeitando a liberdade religiosa e o direito à diversidade cultural, longe das disputas religiosas, do jogo de acusações, e dos discursos demonizante antidrogas que frequentemente pautam o debate.

Antropóloga comenta uso urbano do daime e a morte de Glauco

FABIO ANDRIGHETTO
colaboração para a Livraria da Folha
Divulgação
Beatriz Labate pesquisa o uso de substâncias psicoativas nas religiões
Beatriz Labate pesquisa o uso da ayahuasca em rituais religiosos
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A antropóloga Beatriz Labate é autora de diversos livros sobre o uso da ayahuasca em rituais religiosos.
A coletânea "Drogas e Cultura: Novas Perspectivas", coorganizada pela especialista e lançado em São Paulo na quarta-feira (24), reuniu o ministro Juca Ferreira (Cultura) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A substância psicoativa é comum em diversas tribos indígenas da América do Sul. O preparo da bebida cerimonial pode variar conforme a região, mas a intenção é provocar alteração da consciência para fins religiosos.
Em entrevista para a Livraria da Folha, Labate lamentou a morte do cartunista Glauco Vilas Boas, que era líder de uma igreja daimista. "Glauco liderava os trabalhos com enorme humildade, rejeitando o título de padrinho [um dos modos como são designados os dirigentes espirituais do Santo Daime], e falando pouco. Sua marca registrada era a alegria e o primor musical."
O último livro de Labate, "Fieldwork in Religion", ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.
Conheça a livraria especializada em antropologia
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Livraria - O que difere o Santo Daime e a UDV (União do Vegetal) dos rituais indígenas?
Beatriz Labate - No xamanismo indígena a ayahuasca pode ser usada no contexto de guerra, caça, divinação, cura e outros fins. Em diversas etnias, o aparecimento da bebida ayahuasca na Terra está relacionado ao mito de origem do grupo. O Santo Daime e a UDV realizam uma apropriação cristã de uma bebida de origem indígena. Por um lado, há uma herança indígena segundo a qual o Daime ou Vegetal é entendido como tendo inteligência e agência - um "espírito-planta" que pode nos ensinar, confortar ou punir. As prescrições associadas ao preparo e ao consumo da substância também são parte deste legado indígena. Por outro lado, está presente uma forte simbologia cristã, onde associa-se as revelações dos mestres fundadores aos ensinamentos de Jesus Cristo. Nestes contextos, a ayahuasca é um sacramento. Em geral, o Santo Daime, a Barquinha e a UDV combinam elementos culturais diversos, como o cristianismo --particularmente o catolicismo de origem popular--, as religiões afro, o esoterismo de origem européia e as tradições espíritas kardecistas, além do xamanismo indígena. Há uma série de categorias comuns, como a ideia de "luz", "força", "mirações" (visões proporcionadas pela ayahuasca), "peia" (lições morais ou limpezas físicas), mas cada grupo tem a sua própria doutrina e ritual.
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Para entender as extensões do universo ayahuasqueiro no Brasil
Para entender as extensões do universo ayahuasqueiro no Brasil
Livraria - Como o Daime e a UDV se expandiram para os centros urbanos?
Beatriz Labate -Jovens mochileiros, curiosos, turistas, pessoas em procura de cura e outros conheceram estas religiões na década de 70, no norte do país, e aos poucos começaram a serem realizados os primeiros rituais no centro e sudeste. Uma vez que Daime e UDV chegam aos centros urbanos, há uma série de dissidências e adaptações. Estas novas vertentes combinam os elementos destas duas religiões com outras práticas religiosas e filosóficas típicas dos grandes centros urbanos. Entre elas, há diálogos com uma matriz orientalista, umbandista, nova era, terapias humanísticas, meditação e expressões artísticas. Assim, o Santo Daime e a UDV, que já são resultado de uma síntese própria de algumas matrizes culturais comuns, ao chegarem nas cidades continuaram fazendo novas combinações, gerando outras vertentes e desdobramentos.
O Conad (Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas) reconhece todos estes grupos -- dos mais populares de origem amazônica, às comunidades urbanas mais ecléticas -- como parte de uma legítima tradição ayahuasqueira brasileira. Entre os grupos, contudo, há disputas e reivindicação de autenticidade: alguns se consideram mais "puros" ou "ortodoxos". Enfim, como qualquer campo religioso, está marcado por disputas. O problema é que, às vezes, a mídia reproduz acriticamente as acusações que os grupos fazem entre si --como se fossem "evidências", ou parte da "apuração" que fazem do tema.
Livraria - Qual é a faixa etária dos integrantes dessas religiões?
Beatriz Labate - É difícil estabelecer dados, não existe um censo científico sobre isto. Em geral, há pessoas de todas as faixas etárias. Pela minha observação empírica, não diria que há mais jovens do que adultos. Tanto o Santo Daime quanto a UDV são religiões bem familiares, marcadas pela convivência de várias gerações --avôs, pais, filhos e netos comungando juntos a ayahuasca.
Livraria - Alguns jovens, esquecendo o valor religioso, buscam o consumo da substância apenas pela experiência alucinógena?
Beatriz Labate - Como qualquer religião, as pessoas se aproximam pelas razões mais diversas, seja em procura de alívio para os males do espírito e do corpo, por ansiedades metafísicas, pela necessidade de estabelecimento de laços de comunidade etc. Entre as razões para se conhecer um destes rituais, pode estar a curiosidade, e certamente a substância exerce um enorme fascínio.
Este anseio pela experiência é legítimo, e os grupos sabem lidar com isto. O que ocorre na prática é que pessoas sem identificação religiosa geralmente tendem a não permanecer nestes lugares, até porque os rituais são bem exigentes, e o próprio consumo da ayahuasca demanda bastante da pessoa.
É possível que alguns frequentem o Daime ou UDV sem uma identificação profunda, assim como em outras religiões há níveis variados de adesão. O que importa, contudo, é que, independente disto, os participantes devem cumprir as regras do ritual, que implicam em tomar um número limitado de doses, permanecer até o final da cerimônia etc. Ou seja, há um forte controle sobre o contexto de consumo, independente da motivação de cada um. Tais controles são a baliza, dão segurança aos rituais.
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Livro traz a descrição do fazer musical de cada grupo e a comparação entre eles
Autores descrevem o fazer musical de cada grupo religioso
Livraria - Qual a importância da música nos rituais das religiões ayahuasqueiras?
Beatriz Labate - É uma manifestação cultural muito rica. A música de ayahuasca revela uma multiplicidade de conexões com a religiosidade brasileira e expressões musicais do nordeste e da Amazônia, e tem sido um dos principais elementos destacados no recente processo de pedido de reconhecimento da ayahuasca como patrimônio cultural imaterial da nação brasileira. A música ocupa um papel preponderante no cotidiano dessas religiões, na produção dos significados religiosos e na construção do corpo e da subjetividade dos adeptos. No Santo Daime, particularmente, temos rituais de concentração, ou bailados. Nos dois tipos, se cantam hinários. O hinário é um conjunto de hinos, cantos religiosos que são "recebidos", que dizer, são considerados uma revelação espiritual. O hinário contém a cosmologia e os ensinamentos da doutrina do Daime. Os principais líderes têm o seu próprio hinário, que narra sua trajetória pessoal e espiritual e se refere a momentos específicos da vida da comunidade. O Glauco era músico [sanfoneiro] e tinha o seu próprio hinário, o "Chaverinho" e o "Chaveirão", compostos por 42 e 11 hinos [cantos] respectivamente.
Livraria - Como você analisa a morte do Glauco?
Beatriz Labate - Fiquei profundamente chocada e triste. Parece que houve uma combinação infeliz entre uma dupla projeção: a de um artista famoso, e de uma liderança religiosa importante. Mas o pior é ver como determinados setores da mídia se aproveitam da tragédia para trazer à tona uma velha agenda persecutória a estes grupos, que já são uma minoria bem marginalizada.
Quando uma pessoa se explode em nome de sua religião, matando outras, ou quando um fiel atira no Papa, questiona-se o radicalismo, mas não a legitimidade da religião em si. Por outro lado, imagine quantas pessoas morrem por noite em SP em acidentes de trânsito envolvendo o uso de álcool? Quanto rende uma reportagem sobre alguém que "bebeu cerveja e matou"? Ou sobre os abusos relacionados ao consumo dos fármacos legais? É claro que precisamos fazer uma análise crítica do episódio, mas infelizmente a discussão envolvendo o uso de "drogas" dificilmente é racional, pois envolve fortes tabus. Por outro lado, uma religião minoritária, não hegemônica, é outra fonte forte de preconceitos.

Cinco livros ajudam a entender a ayahuasca e seus efeitos

da Livraria da Folha
Muito se fala, mas pouco se sabe a seu respeito. A ayahuasca, uma bebida cerimonial feita de cipó Banisteriopsis caapi e folhas de Psychotria viridis, é uma substância psicoativa utilizada para fins religiosos.
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Dirige-se tanto a especialistas quanto a leigos que se interessam pelo assunto
Livro para especialistas e leigos que se interessam pelo assunto
O chá não é classificado no Conad (Conselho Nacional Antidrogas) como droga. Após um longo estudo, o conselho regulamentou seu uso como parte de uma legítima tradição religiosa.
O consumo da substância é comum entre os indígenas da América do Sul e também foi utilizada pelos incas. Hoje, por exemplo, está presente nos rituais do Santo Daime e da UDV (União do Vegetal).
Fruto de uma pesquisa pioneira realizada nos anos 80, "Eu Venho da Floresta" é um estudo sobre o contexto do Santo Daime. O volume explora profundamente os ritos e o complexo significado do ato de ingerir a substância e de ser membro da comunidade religiosa.
Uma espécie de manual, "Religiões Ayahuasqueiras", traz e discute as mais significativas investigações farmacológicas, psiquiátricas e psicológicas que já foram produzidas.
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Livro traz a descrição do fazer musical de cada grupo e a comparação entre eles
Os autores descrevem o fazer musical de cada grupo religioso
Considerado uma das maiores contribuições realizadas até hoje no Brasil a respeito da bebida milenar, "O Uso Ritual da Ayahuasca" é um panorama sobre os usos rituais deste alucinógeno na América do Sul. Reúne 25 artigos escritos por autores de sete países diferentes.
Sobre a introdução da prática nas grandes metrópoles, "A Reinvenção do Uso da Ayahuasca nos Centros Urbanos" ajuda a entender as extensões do universo ayahuasqueiro brasileiro e o consumo desse psicoativo.
Obra de Beatriz Labate e Gustavo Pacheco, "Música Brasileira de Ayahuasca" destaca o tema da música no Santo Daime (nas suas vertentes Cefluris e Alto Santo) e na UDV. O Livro explora o papel preponderante que a música ocupa no cotidiano dessas religiões.

Livro examina as origens do Santo Daime; leia trecho

da Livraria da Folha
Raimundo Irineu Serra (1892-1971), conhecido simplesmente como mestre Irineu, foi o responsável pela criação da religião ayahuasqueira chamada de Santo Daime.
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Livro relata amplitude das práticas sociais que vão da cura ao crime
Livro relata amplitude das práticas sociais que vão da cura ao crime
Criado em Rio Branco na década de 30, o culto se formou a partir de um verdadeiro mosaico cultural. Diversos pesquisadores buscam entender as origens das matrizes daimistas.
Mestre Irineu, filho de escravos, migrou para o Estado do Acre, onde vivia da extração de látex. Cabo da Guarda Territorial e nomeado Tesoureiro da Tropa pelo marechal Rondon, foi na região que ele entrou em contato com a prática e a ayahuasca.
Mas a religião se formou de um sincretismo das práticas indígenas, do catolicismo, do esoterismo europeu e do espiritismo kardecista, além de uma grande influência das religiões afro-brasileiras. Todas elas compõem o corpo simbólico do Santo Daime.
"Álcool e Drogas na História do Brasil" traz essa e outras histórias narradas por 17 especialistas. O volume apresenta desde as revoluções acaloradas pelo álcool aos antigos boticários. Uma coletânea que proporciona uma reflexão sobre a prática em nosso país.
Abaixo, leia um trecho do livro sobre a ayahuasca, escrito por Beatriz Labate e Gustavo Pacheco, que exemplifica a dificuldade em procurar a procedência dos rituais.
Atenção: o texto reproduzido abaixo mantém a ortografia original do livro e não está atualizado de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico. Conheça o livro "Escrevendo pela Nova Ortografia".
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A literatura antropológica e as origens do Santo Daime
Parece haver um consenso genérico de que três grandes matrizes culturais estariam presentes na formação do Santo Daime: a indígena ou amazônica (por meio da utilização da bebida e seus modos de preparo e consumo e alguns aspectos do ritual), a européia (por meio do catolicismo e do esoterismo) e a afro-brasileira (presença de entidades afro na cosmologia daimista). Vejamos as principais obras que se dedicaram à análise do culto. Lembramos que abordaremos aspectos específicos dessas obras - que tangem as origens do Daime - e não necessariamente os argumentos centrais de cada uma delas.
O primeiro trabalho escrito por um antropólogo sobre o Santo Daime foi um artigo de Clodomir Monteiro da Silva (19085, p.102-5). Para ele, no Daime destacam-se "traços das religiões mediúnicas de aculturação africana" mas a tônica predominante seria dada pelo "índio americano". Ele fala vagamente em "sobrevivência do Dohomey, principalmente entre os Fon", argumento que tentará desenvolver posteriormente. Em sua dissertação de mestrado (Monteiro da Silva, 1983), afirma o surgimento do culto do Santo Daime responde a necessidades e pressões do contexto macrossocial amazônico, no momento marcado pela crise econômica da borracha e pelo processo de migração urbana. As comunidades daimistas situar-se-iam a meio caminho entre as populações rústicas e urbanizadas, representando formas sociais alternativas à desorganização gerada pelo modelo de ocupação da terra. O Santo Daime seria um sistema cultural adaptativo ou um ritual de passagem, para os seringueiros expulsos dos seringais e os nordestinos fixados no exílio. O culto resultante do encontro entre a "cultura ameríndia" e a "cultura urbanizada" é descrito, ainda como um "transe xamânico individual e coletivo".
Em outro trabalho mais recente, Monteiro Silva (2003) dedica maior atenção à influência das religiões afro-brasileiras na formação do culto do Santo Daime, o qual é situado entre os cultos afro-amazônicos. Citando outros autores, argumenta que a expansão afro na Amazônia teria ocorrido a partir do início do século - antes da difusão, nos anos 30, do espiritismo kardecista e da umbanda pelas grandes cidades do país - através por meio das migrações do nordeste, sobretudo do Maranhão, para a Amazônia. O Santo Daime possuiria, por um lado, características xamânicas, provenientes da tradição aya-huasqueira associadas ao curandeirismo e, provavelmente, à pajelança e, por outro, seria resultado de influencia das religiões afro-brasileiras das regiões Norte e Nordeste, especialmente dos "cultos vodúnicos maranhenses". A associação com os africanos Fon do Daomé (atual República do Benim) se daria, segundo ele, por meio das seguintes evidências: a) a proveniência do Maranhão das famílias que fundaram o culto no Acre da casa da mina nação jêje-fon b) titango, tintuma e agrarrube, tipos de cipó que de acrdo com o autor compõem o chá, seriam entidades africanas ou afro-amazonicas associadas AA realeza do Benim; e c) as palavras "daime" e "juramidam" possuiriam um significado secreto associado ao culto de Dã, a serpente sagrada dos fon. Até recentemente, esse era o único artigo que abordava diretamente as influências maranhenses na gênese do Santo Daime (cf. Labate & Pacheco 2003) e, como se pode notar, de forma ainda embrionária. No nosso entender as evidências apresentadas pelo autor são insuficientes para sustentar qualquer conezão mais precisa entre o tambor de mina (ou crenças e práticas africanas oriundas do Benim) e o Santo Daime.