terça-feira, 16 de março de 2010

UM POUCO DE REALISMO PESSIMISTA

Esta é uma época de falta de esperança e medo.

A grande ironia deste momento na História é que, pela primeira vez, a humanidade alcançou os meios técnicos de criar uma espécie de paraíso na Terra. Temos os recursos e os meios de tornar a vida de todas as pessoas vivas segura e confortável.

Mas não é isso o que acontece.

Pela primeira vez na História, as pessoas de qualquer parte do mundo podem se comunicar com outros indivíduos em qualquer ponto do planeta.

Entretanto, estamos morrendo de solidão.

Pela primeira vez na História, temos acesso a todo tipo de informação com rapidez e a relativo baixo custo. 

Entretanto, sabemos menos do que nossos ancestrais sabiam. Nos perdemos, nos contentamos, em  obter conhecimento inútil e bobagens massificadas, engolidas goela a baixo.

Construímos grandes cidades, com acesso a transportes, cultura e lazer. Mas, como em São Paulo, seis em cada dez habitantes querem deixar a metrópole, em busca de um tipo de vida que nem mesmo eles sabem definir ao certo.

Esta é também uma época de confusão.

Apesar dos horrores da guerra, que conhecemos tão bem, apesar de não termos experimentado a doença na carne, existe um consenso geral de que uma guerra em larga escala, começando no Oriente Médio, é praticamente inevitável e acontecerá em algum tempo.

Alguns de nós chegam a justificar o genocídio que irá acontecer a partir do argumento de que o planeta está superpovoado e que, historicamente, a humanidade sempre sofreu epidemias e guerras como formas de controlar o problema da superpopulação.

Sabemos que o atual sistema de exploração dos recursos do planeta irá causar um holocausto de fome, epidemia e guerra em alguns anos. Entretanto, nos atemos aos nossos pequenos confortos. Confortos esses só possíveis devido à miséria de bilhões de pessoas, condenadas a uma vida de agonia e desperança.

Sim, este é um quadro pessimista, mas desafio alguém a me chamar de mentiroso.

Uma vez que a promessa do progresso técnico da humanidade se cumpriu - e continua a se realizar todos os dias, com incríveis avanços científicos - a pergunta que se torna necessária salta aos olhos: porque ainda vivemos em um inferno em miniatura?

Será que existe realmente algo tão errado conosco, a ponto de eternizarmos o sofrimento?

Infelizmente, a resposta parece ser afirmativa. Além disso, a nossa falha não parece estar centrada na falta de recursos materiais, mas, sim, em um defeito moral congênito, partilhado por todas as pessoas.

A isto, os cristãos chamariam de ecos do pecado original, como descrito no livro de Gênesis.

Se for verdade, o fato de que existe algo de terrivelmente errado conosco, a ponto de que não poderemos nunca sanar os males que nos afligem, qual é a esperança que resta? Qual a alternativa?

Eu gostaria de terminar essa postagem com alguma forma de otimismo. Sei que existem esforços de pessoas preocupadas em resolver esses problemas. O mundo está cheio de pessoas que têm esperança, e que trabalham para que, de alguma forma, mesmo que em um futuro longínquo, o mal possa ser vencido e suas esperanças se concretizem.

Mas não bastam algumas pessoas; hoje, estamos numa encruzilhada. Ou um milagre, uma espécie de revolução do espírito, atinge a todos, ou todos estaremos condenados.

E não sei o que é pior: enfrentar a morte ou ser sentenciado a viver em uma espécie de inferno.

Ainda assim, Paz e Bem!

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