quarta-feira, 24 de março de 2010

ALVORADA

Nas minhas longas noites de insônia, acordando de hora em hora, vou até a absurdamente minúscula varanda de meu apartamento. E olho o imenso vale diante de mim. 

É um vale de prédios e casas, entremeadas por ruas, árvores e praças. Sinto uma pontada de inveja daqueles que se viram parados no mesmo lugar que eu, séculos atrás. Ou mesmo décadas. 

Em noites de insônia, eles teriam diante de si um vale de verdade, natural, verde e terrível, a se perder de vista. Por cima de suas cabeças, assim como eu, eles teriam visto o mesmo que eu vejo, uma gigantesca imensidão azul, até agora apenas arranhada por nós.

No início do dia, vejo como o azul da noite, escuro, vai aos poucos clareando. As nuvens, até agora quase imperceptíveis, ficam cor de rosa. Manchado de luz, o ceú torna-se menos escuro, revelando também as formas dos prédios e das casas, onde as pessoas ainda dormem.
Aqui e ali, um carro avança, provavelmente, com suas lanternas ainda acesas, enquanto o motorista sonolento liga o rádio para não voltar a sonhar. 

Agora, as nuvens já são brancas e o horizonte é laranja. Uma possível descrição do nascer do sol.

Tudo o que existe lá fora, torna-se parte do que existe aqui dentro. 

Paz e Bem!

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